Ontem participei de um evento com alguns profissionais brasileiros que vivem o mercado de inovação chinês e tive algumas reflexões que gostaria de compartilhar com vocês.
Esses brasileiros nos apresentaram as principais aplicações da indústria chinesa em IA e explanaram um pouco sobre o Plano Diretor do Governo Chinês para os próximos 5 anos.
Super Apps, Mobilidade Urbana, Carros Autônomos, AI Digital Human, Saúde e bem-estar, tive convicção que, o Vale do Silício desenvolve as tecnologias, mas quem as aplica e escala é a China.
Uma questão crucial que me veio à cabeça e que não foi e não é abordada em nenhum fórum que tenho participado, é o alto consumo energético associado às Unidades de Processamento Gráfico (GPUs), essenciais no treinamento e funcionamento das IAs, um ponto frequentemente criticado em relação ao blockchain e criptomoedas.
Os carros autônomos por exemplo estão na vanguarda da inovação tecnológica, prometendo transformar o setor de transporte com eficiência e segurança. Porém, esse avanço vem acompanhado de um custo ambiental significativo. As IAs, que são o cérebro por trás desses veículos, dependem intensamente de GPUs para processamento de dados e aprendizado de máquina. Essas GPUs, embora poderosas, são conhecidas por seu alto consumo de energia, que muitas vezes provém de fontes não renováveis.
Este cenário apresenta uma incoerência notável: enquanto avançamos para um futuro de transporte sustentável, a infraestrutura tecnológica necessária para esse avanço ainda depende fortemente de fontes de energia que contradizem os objetivos ambientais globais. Este desafio é particularmente evidente na Europa, onde, apesar dos esforços para adotar energias renováveis, muitos países ainda lutam com a transição energética. A dependência de combustíveis fósseis e as inconsistências na produção de energia renovável continuam sendo obstáculos significativos.
Os planos ambiciosos da China em aplicação de IA para os próximos cinco anos podem influenciar a demanda global por energia. Com os carros autônomos no centro desses planos, a necessidade de processamento de alta potência irá inevitavelmente aumentar. Este aumento na demanda por energia pode agravar a pegada de carbono e desafiar os compromissos de sustentabilidade, não apenas na Europa, mas em todo o mundo.
O dilema se aprofunda ao considerarmos que as críticas direcionadas ao blockchain e criptomoedas por seu consumo energético também se aplicam à tecnologia de IA. Isso ressalta a necessidade urgente de inovações em eficiência energética, tanto em hardware quanto em software de IA.
Para resolver essa incoerência, é imperativo desenvolver soluções que equilibrem inovação tecnológica com responsabilidade ambiental. Isso envolve criar IAs mais eficientes em termos de energia, acelerar a transição para energia limpa e renovável, e talvez mais importante, reconsiderar as prioridades de desenvolvimento tecnológico à luz dos desafios ambientais.
Em conclusão, as reflexões geradas em diversos eventos sobre a aplicação de IA e os planos futuros da China fornecem um panorama crucial sobre o impacto ambiental das tecnologias emergentes. Enquanto as IA e suas aplicações prometem um futuro transformador, não podemos ignorar as implicações de seu desenvolvimento sobre o meio ambiente.
Equilibrar inovação e sustentabilidade é uma questão urgente e necessária para garantir um progresso tecnológico responsável e alinhado com os objetivos de um planeta mais verde e saudável.
“Considerando os desafios ambientais discutidos, vocês acreditam que a descentralização do processamento das IAs, similar ao modelo das criptomoedas, poderia ser uma solução viável? Especificamente, poderia a alocação de equipamentos de processamento em locais com fontes de energia renovável contribuir para uma redução significativa dos impactos ambientais associados ao alto consumo energético das IAs? Você sabia que essa prática já está sendo utilizada?”